Numa lista de livros sobre estrangeiros que matam um árabe e o circo que segue, O TREMOR DA SUSPEITA não seria o primeiro da fila. Dos livros de Patricia Highsmith que já li, foi o mais fraco.
O escritor Ingham está na Tunísia para escrever um roteiro, mas o diretor responsável não chega e ninguém responde suas mensagens. Completamente isolado do país natal, ele se sente só e desconfortável, contanto com apenas dois amigos estrangeiros, ainda que um deles seja… excêntrico.
Ingham é vítima de roubos, mas a situação se agrava quando um homem entra na sua casa enquanto ele está lá dentro. O escritor joga-lhe a máquina de escrever na cabeça e o intruso foge, mas algo acontece do lado de fora, há vozes de funcionários do hotel.
O Tremor da Suspeita é um romance psicológico sobre a moral, o medo de ser descoberto e a incógnita, pois Ingham não sabe se o homem está morto, apenas que ele não pareceu mais nas ruas da cidade.
Highsmith sabia sobre o que escrevia. As cidades tunisianas são bem descritas, assim como a cultura árabe, ainda que a base do livro seja o desconforto com o país estrangeiro e o preconceito das personagens.
Foi uma leitura lenta, com várias descrições sem propósito. Em determinado momento, brinquei que só faltava descrever o personagem escovando os dentes. Fui vidente sem saber. São apenas frases, quase nunca parágrafos, mas são o suficiente para incomodar.
Não é meu livro favorito, mas suas personagens são interessantes. Quando Ingham era questionado sobre o incidente, eu me irritava tanto quanto o protagonista. Neste caso, o livro cumpriu seu propósito, isso o elevou no meu conceito, ainda que o “tremor” do título me tenha passado despercebido.
Da autora, recomendo mais O Talentoso Sr. Ripley e A Cela de Vidro, os outros dois livros que li.
